A inauguração do Museu do Palácio da Redenção, realizada ontem, foi marcada por um detalhe que não passou despercebido e gerou críticas nos bastidores da política: a ausência de convite aos ex-governadores ainda vivos que, em diferentes períodos da história recente, comandaram os destinos da Paraíba a partir da sede do Executivo estadual.
Apesar do caráter histórico e simbólico do evento, que teve como objetivo resgatar e valorizar a memória do poder político paraibano, o atual governador não estendeu convites oficiais a figuras centrais desse legado: Cícero Lucena, atual prefeito de João Pessoa; Cássio Cunha Lima, ex-senador e líder histórico; Roberto Paulino e Ricardo Coutinho, que também governaram o estado em anos decisivos.
A ausência de espaço para esses ex-chefes do Executivo contrasta com o espírito de preservação histórica que deveria pautar a inauguração do museu. Afinal, todos eles exerceram a função de governar a Paraíba e, em seus mandatos, utilizaram o próprio Palácio da Redenção como sede do poder.
Analistas políticos consideraram a decisão como uma postura destituída de cortesia institucional ou mesmo um lapso do cerimonial. Em eventos que resgatam a memória de uma instituição, é tradição que antigos ocupantes do cargo sejam lembrados e prestigiados, independentemente das diferenças políticas do presente.
Para historiadores, o gesto de excluir os ex-governadores vivos empobrece o caráter simbólico da inauguração e reforça a percepção de que a política paraibana ainda está marcada por disputas pessoais que sobrepõem-se ao reconhecimento do papel histórico de cada governante.
Em contraponto, lideranças ligadas ao governo argumentam que a solenidade teve caráter mais protocolar, voltado à inauguração da estrutura museológica, e não necessariamente de resgate político. Ainda assim, críticos apontam que a ausência de ex-governadores representou uma oportunidade perdida de reconciliar gerações e reforçar o valor institucional do Palácio da Redenção.
O novo museu, instalado no coração da capital paraibana, reúne documentos, peças e elementos que contam a trajetória do Executivo estadual ao longo de quase dois séculos. Contudo, para muitos, a inauguração ficará marcada não apenas pela preservação da história, mas também pela falta de deferência àqueles que ajudaram a escrevê-la.
Autor: Os marcianos