A Prefeitura Municipal de Cabedelo (PMC), por intermédio da Secretaria de Assistência Social (Semas), junto ao Fórum da Diversidade Religiosa, promoveu, na manhã desta quarta-feira (16), mais uma Caminhada da Paz e Enfrentamento à Intolerância Religiosa.
O evento teve como objetivo afirmar os princípios de liberdade religiosa como direito garantido pela Constituição Federal em seu artigo 5º; a promoção do espírito de tolerância e respeito que deve marcar a convivência em meio a diversidade de fé; a integração entre os representantes de diversas manifestações religiosas; e, ainda, o reconhecimento histórico e a valorização de todas as vertentes de religiões.
“O respeito pela diversidade de crenças deve prevalecer numa sociedade que anda tão intolerante nos últimos tempos. Essa caminhada simboliza nossa Cabedelo dizendo não à quaisquer tipos de atos intolerantes. Nossa posição é de apoio às diversas correntes religiosas e a atual gestão prega, acima de tudo, união e amor entre todas as pessoas”, afirmou Cynthia Cordeiro, secretária de Assistência Social de Cabedelo.
A caminhada foi realizada da Praça da Campina da Vila ao prédio da Semas, no Centro da cidade, animada por um mini trio com hinos e músicas de várias religiões. Palavras de respeito foram ditas pelos participantes do início ao fim da ação.
Participaram da caminhada os usuários dos Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFVs) do Reviver 1, 2 e do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) Cabedelo; alunos da escola municipal Maria Pessoa Cavalcanti; além de adeptos e representantes de diversas religiões, a exemplo da kardecista Clara Costa, da Casa Espírita Assistencial Mensageiros da Paz, e da mãe de santo Graça Magalhães, da Casa Cawê Asé de Oya Onyra.
Convidada para conduzir uma conversa com os participantes após a caminhada, a candomblecista da Nação Gege Mari e Juremeira Mãe Graça, também representa o Fórum da Diversidade Religiosa em Cabedelo e os grupos Mulheres de Axé do Brasil e Mulheres de Axé da Paraíba (MABI). Ela focou na questão do preconceito que enfrentam as religiões de matrizes africanas e transmitiu um recado de paz, amor e consciência.
“Ainda hoje há muita intolerância e preconceito. Principalmente contra o candomblecista, juremeiro ou umbandista. E a nossa luta é por respeito e é para que todos nos aceitem da forma que nós somos! Com nossa crença ou vestimenta e tudo que carregamos para que nos reconheçam. Se nos chamarem para qualquer igreja, eu irei. E respeitarei! Rezarei da forma que todos rezam e a reciprocidade também deve existir. Está de parabéns a Prefeitura de Cabedelo que tem gestores que abraçam a todos”, destacou mãe Graça.
Conceito e garantia – A intolerância religiosa é o ato de discriminar, ofender e rechaçar religiões, liturgias e cultos, ou ofender, discriminar, agredir pessoas por conta de suas práticas religiosas e crenças. Ela está marcada na história da humanidade, principalmente porque, no passado, era comum o estabelecimento de pactos entre as religiões, em especial as institucionalizadas, como o cristianismo, e os governos.
A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 5º, garante a liberdade religiosa como princípio inviolável aos cidadãos, mesma garantia faz parte do pacto estabelecido pela ONU por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No Brasil ainda existe a Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997, que em seu primeiro artigo prevê a punição para crimes motivados por discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
O servidor municipal Iarlley Araújo tem participado todos os anos da caminhada, principalmente, por acreditar no seu propósito de sensibilização. Ao público presente, o mesmo expôs a importância do respeito e do amor ao se posicionar a favor do multiculturalismo religioso.
“Quando a gente começa a olhar a religião de forma antropológica, percebemos que a mensagem em comum a vários Messias é quando dizem ‘Amem. Respeitem. Ajudem’. E atualmente nos deparamos com congregações religiosas poderosas que estão dividindo, extorquindo, fazendo até maldades, tudo em nome do dinheiro… Temos que pensar mais no próximo! É sobre a questão do afeto, da empatia, do abraço, da conversa… Em nome do amor, as pessoas precisam estar abertas a agregar valores, muito mais que segregar em nome do preconceito e de tudo que só faz o nosso amor pela humanidade regredir e tornar nebulosa a nossa existência”, afirmou Iarlley.