Desde o início do isolamento social, causada pela pandemia do Covid-19, as atividades artísticas e culturais foram suspensas por tempo indeterminado. Desde então, trabalhadores de diversos seguimentos da cultura vem reinventando o seu fazer artístico. O Coletivo de Teatro Aruã, formado pelos artistas/pesquisadores Aelson Felinto, Heráclito Cardoso e Miguel Segundo, pode ser um exemplo para pensar nessa reinvenção. Em suas redes sociais, o coletivo já disponibilizou link de espetáculo de forma gratuita no início do período de isolamento social, como também deu início a projetos, que visam continuar compartilhando histórias com o público em plataformas digitais, enquanto o retorno aos palcos não é possível.
No projeto “Pegadas”, lançado no último dia 24 de junho, o coletivo compartilha e conta histórias do público através de vídeo-cenas, lançadas semanalmente em suas redes sociais (Instagram, YouTube e Facebook). “Nos propomos a perceber as poéticas da experiência de pessoas “comuns”, mas que fizeram todo a diferença em nossa trajetória. Partindo desse pensamento e entendendo que cada um de nós encontra pelo caminho, pessoas que nos inspiram e nos marcam, damos início ao PEGADAS.” Destacou Miguel Segundo, integrante do Coletivo Aruã. “Funciona assim, o público envia sua história pra gente (em vídeo, áudio e/ou texto) através das nossas redes sociais ou pelo email (coletivodeteatroarua@gmail.
Nesta semana, além do novo vídeo-cena do projeto Pegadas, “Vovó Maria”, que será lançado na próxima quinta, dia 02 de julho, o coletivo lança o projeto de Lives “Eu De(vir)”. Uma atividade quinzenal, sempre aos sábados, que vai ao ar a partir do dia 04 de julho às 18h30, em sua página no Instagram, @AruãColetivo. O ator Heráclito Cardoso contou um pouco sobre esse projeto. “Com músicas, poesias, textos teatrais, queremos fazer desse espaço das lives um lugar de conversa com outros artistas que em seus processos criativos também partem dessas “escritas de si”. A ideia é que a cada encontro, o público venha saber um pouco mais da produção artística local, regional e nacional, como também entender como se dá o processo de construção de um espetáculo teatral. Um lugar para se inspirar, aberto para todos produzirem arte, a partir de suas histórias, experiências e realidades.”
O coletivo , que teve sua fundação em 2018, investiga em suas pesquisas possibilidades de composição da cena teatral através de materiais autobiográficos/autoficcionais e biográficos, para construir vínculos mais íntimos com o público. Objetos, áudios, vídeos, diários, documentos, são utilizados na construção da cena, como forma de revisitar, na ação teatral, aqueles acontecimentos que ficaram registrados na memória.
“Entendemos que esse é um momento muito sensível e vemos em nosso trabalho uma possibilidade de levar ao público um pouco de leveza nesses dias tão difíceis.” Contou Aelson Felinto, que além de ator também é produtor do Coletivo.
O grupo foi aprovado recentemente em uma seleção para o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). A aprovação se relaciona com a primeira produção cênica do coletivo, o espetáculo Deus te faça feliz. O edital contemplou trabalhos virtuais abrangendo toda a área dos nove estados da Região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), além do norte de Minas Gerais (incluindo os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o norte do Espírito Santo.