
Os republicanos chegaram decididamente mais confiantes aos últimos dias de uma campanha marcada pela troca do candidato que buscava a reeleição às vésperas da Convenção Democrata e por duas tentativas de assassinato do líder da oposição. Trump crê ter acertado ao desafiar o comando de sua campanha, que defendia mirar exclusivamente no que as pesquisas mostram ser os pontos mais frágeis de Kamala — economia e imigração. Sem deixar de lado a pregação xenófoba, o ex-presidente aumentou o tom dos ataques baixos e mentirosos a Kamala (“fascista”, “comunista”, “com QI baixo”, “preguiçosa”, “viciada”). Sua aposta é a repetição de 2016, quando derrotou a ex-secretária de Estado Hillary Clinton com a força de sua base.
Ao mesmo tempo, interrompeu eventos para falar do tamanho da genitália de um mito de golfe e dançar ao som de Ave Maria e hits do Village People. Vulgaridades e bizarrices que o levaram a ser ridicularizado por seu antecessor, Barack Obama. No Wall Street Journal, o todo-poderoso conselheiro de George W. Bush, Karl Rove, no entanto, cravou: “Quem parece estar se divertindo na campanha é Trump, não mais Kamala. E isso faz com que ele passe, justo no fim, a aura de vitorioso”.
Entre os democratas, já há quem questione se foi um erro a mudança de rumo da campanha. Deixou-se em segundo plano a “alegria” que marcara a apresentação de Kamala aos americanos, em tudo oposta ao cenário sombrio dos comícios do ex-presidente. E investiu-se, em uma repetição da estratégia vitoriosa de Biden, em 2020, no alerta aos eleitores do risco aumentado de uma segunda temporada de Trump na Casa Branca. Os alvos são, a partir do que indicam pesquisas internas do Partido Democrata, eleitoras do subúrbio dos estados decisivos — com histórico de voto republicano, mas anti-Trump — decididas a proteger seus direitos individuais, notadamente os reprodutivos, e assustadas com a escalada autoritária da retórica do ex-presidente.
Para entender o momento da corrida, o GLOBO traz para você o Tracker, um agregador das pesquisas nos sete estados onde a eleição será de fato decidida — Arizona, Wisconsin, Michigan, Nevada, Carolina do Norte e Pensilvânia — e dos números nacionais, que medem o humor do eleitorado. A ferramenta mostra a evolução da média das sondagens desde o anúncio da desistência de Joe Biden, no dia 21 de julho, e como eventos cruciais, como as Convenções Nacionais e os debates entre os candidatos à Presidência e à Vice-Presidência, pesarão na hora do voto. (Colaborou Eduardo Graça)
Com OGlobo.com








